sábado, 22 de setembro de 2012

Tatu-bola, Copa 2014 e o morfema -eco

Aí, o que tu acha do mascote da Copa? Legal? Ruim? Bem, eu acho que nós poderíamos ter uma ave nativa daqui, pertencente a uma espécie que nos lembrasse das nossas cores nacionais. Vocês concordam?

A primeira Copa que eu tenho lembranças foi a de 98, ocorrida na França, cujo mascote era uma ave que eu gostava muito! Não sei o porquê, talvez por ser parecida com o desenho do Pica-Pau. Mas enfim, o importante é que ela tinha as cores da bandeira francesa.
Por essa razão, gostaria que tivéssemos o verdíssimo Zé Carioca como nosso mascote. Porém, eu sei que muitos criticariam essa escolha, pois afirmariam que o Zé é uma mera invenção estrangeira, dos estadunidenses, de Walt Disney etc. Já outros diriam que o Brasil não se resume à minha cidade. O Brasil, obviamente, é brasileiro e não só carioca. É provável também que houvesse problemas de direitos autorais, pois a FIFA teria de negociar com a Di$ney Disney. E isso tudo, logicamente, seria somente a "ponta do iceberg", tratando-se apenas de problemas lembrados à primeira vista e de forma bem superficial (muitas outras polêmicas e empecilhos, com certeza, surgiriam).

Mas enfim, mesmo assim, acho que uma mascote ave seria melhor e também mais nacional. Afinal, nós vemos aves diariamente e elas sempre estiveram no nosso imaginário. Já no caso dos tatus-bola, imagina tu falando:  ó, têm uns voando ali!
Aliás,  eu confesso, eu nem sabia de sua existência antes de ser nomeado mascote... Cheguei a pensar "Nossa, será que essa espécie foi descoberta recentemente pelos biólogos?"
E por falar em "nomeado",  os patéticos  hipotéticos nomes do tatu têm gerado polêmicas, hein? Dona FIFA já disse que não vai voltar atrás, os nomes são Amijubi, Fuleco ou Zuzeco mesmo. E aí? Olha, eu tenho um bom argumento morfológico contra os nomes, sobretudo os dois últimos. Vamos lá! Fuleco, eco, eco ! Zuzeco, eco, eco ! Perceberam o maldito eco !? Pois é, esse morfema na língua portuguesa tem um mal aspecto. O tal -eco é uma unidade mínina de significado e representa inúmeras ideias negativas, tais como baixa qualidade, inutilidade, porcaria e por aí vai. Por isso nós temos tantas palavras pejorativas terminadas em -eco, como: jornaleco, livreco etc. Aliás, até o famoso e doce mel não escapou da maldição ecática e acabou se transformando em meleca (eca!).

Portanto, Fuleca  Fuleco, Zuzeco ou sei lá o quê, não deveriam ser os nomes sugiridos ao tatu-bola. E não é nada contra os nomes fora do comum, até por que meu nome é Odinilson Ananias Bom de Lima (aviso logo que gosto dele!), mas esses nomes do bicho especificamente não servem, como já foi visto aqui. Há questões significativas importantes.

Em suma, torço para que não sejam esses os nomes escolhidos. Ah, e também torço para que o Brasil seja um time que honre às suas tradições de maior campeão mundial, não sendo um timECO.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ganhado x Ganho e Perda x Perca: lutas gramaticais, é ganhar ou perder !

Os verbos ganhar e perder fazem parte da nossa realidade, pois são os possíveis resultados que nós podemos obter após uma tentativa. Ou, dependendo da estratégia, após uma não tentativa. Enfim, pode-se ganhar, perder e, logicamente, empatar. Tudo isso faz parte do jogo da vida (ou dos videogames!). De todo modo, o fato é que não há problema algum nessas palavras. Os problemas, na verdade, estão ligados às suas filhas, às suas descendentes, isto é, às suas palavras derivadas. Aliás, quem são elas ? Vejamos, ganhar deu origem a "ganhado" e "ganho". Já do outro lado, perder, deu origem a "perda" e "perca". Aí, você viu ? As palavras não chegam a ser gêmeas (não são homônimas, na grafia ou na pronúncia), mas são parecidas. Tão parecidas que às vezes geram confusão na hora do uso.

A palavra ganho, por exemplo, pode ser: substantivo (1), adjetivo (2) ou forma verbal (3 e 4)

1) "Eike Batista tem mais ganhos do que perdas na área petrolífera."
( lucros, vantagens)

2) "O Botafogo tem vários jogos ganhos no campeonato."
(vencidos )

3) "Isso foi ganho com muito esforço."
(forma do verbo "ganhar", particípio)

4) "Eu sempre ganho, porque eu sou muito bom"
(forma do verbo "ganhar", 1° pess. presente do indicativo)

Acima, nós percebmos que há vários motivos para se usar ganho. Mas isso não significa que nós possamos trocá-lo por "ganhado". Já que fica evidente que a troca deixaria a frase "meio com cara de analfabeto" (se algum analfabeto ler isso, me desculpa aê ! É só um modo de falar... ou... de escrever, sei lá). Mas, sem dúvida, as mais preocupantes são (2) e (3). Já que estão mais sujeitas à troca, à inadequação etc.

Adjetivos:

Os adjetivos geralmente vêm dos particípios irregulares (aqueles que não termininam em -ado ou -ido), exemplo, morrer tem dois particípios morrido e morto. Morrido termina em -ido, então o adjetivo certo será "morto(a)". Assim como todo mundo fala "animal morto" (nem Chaves fala "morrido"), deve ser usado também "pastel frito, "conta paga" etc. (já que fritado e pagado terminam em -ado). Por isso não se deve falar jogo ganhado, pois termina em -ado. Ou seja, ganho wins ! (pelo menos nesse round).

Verbos:

Nada de outro mundo (uuuahahaha!), se estiver ao lado de ter ou haver é só usar o particípio terminado em -ado. Exemplos:

1) "Antes de ser presidente, Dilma nunca tinha/havia ganhado nada, nem para vereadora !"

2) "Se o Flamengo tivesse/houvesse ganhado honestamente, eu aceitaria o resultado do jogo!"

Acima, os motivos são idênticos, o uso do verbo ter  (nas formas "tinha" e "tivesse") ou haver ("havia" e "houvesse") justificam o uso de "ganhado". Portanto, ganhado ganhou... ou melhor, wins ! ( resultado parcial: 1 a 1).

Substantivos: 
Precisa de reflexão ? Alguém fala "os ganhados e perdas" ? Então, ganho wins ! E ainda por cima o round foi ganho (olha ele aí) com flawless victory !

Resultado final: Ganhado 1 x 2 Ganho (placar clássico, se fosse futebol).

Perda e Perca

Muitas pessoas erram por causa das comparações, analogias equivocadas com as outras palavras, pelo fato de haver muitas formas verbais que são iguais aos substantivos. É o caso de vender. Exemplos:

1) A venda da casa será ruim para ambos
 (substantivo)

2) Não venda isso!
(forma do verbo "vender")

Acima, tudo tranquilo, hein? É tudo a mesma coisa, tudo é escrito do mesmo jeito! Mas e se fosse o verbo perder? Vejamos:

 1) A perda da casa será ruim para ambos
 (substantivo)

2) Não perca isso!
(forma do verbo "perder")

Ou seja, sempre é bom ficar atento, para não errar igual a esse cara aí da comunidade que eu participo no Orkut:



Mas é bom lembrar também que eu não sou um chaaaaato gramatical! (hahaha) Caros leitores, a gramática é um tipo de tutorial para nós "jogarmos" esse jogo chamado "português". Mas isso não pode tirar autonomia do falante ou do escritor. Nem sempre queremos apertar os botões "corretos" para aplicar um fatality. Às vezes queremos (e podemos) dar somente um gancho e comemorar a vitória logo, néééééé?  lol

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A origem etimológica de "ânimo", "alma" e "animê"

As palavras "ânimo" (animus) e "alma" (anima) têm a mesma raiz etimológica, então podemos dizer que uma depende da outra para tudo. Já pensou em ânimo sem alma? Alma sem ânimo? Ou, então, almejar sem se animar? Complicadíssimo, não é mesmo ?
(ânimo, alma e animê numa coisa só)

A forma latina animus nos trouxe outras belas derivações como "animador", "animável", "animação". Aliás, eu disse "animação" ? É, eu disse ! Pois saibam que daí veio também a palavra japonesa anime ou animê (o japonês é um idioma muito oxítono), cujo significado é "desenho animado do Japão". Quer dizer, pelo menos para nós, esse é o significado. Já que, para os japoneses, qualquer desenho é anime, até Looney Tunes dos EUA ou o brasileiro Turma da Mônica*

*É verdade que além do Gibi já temos uma espécie de mangá, mas, em animação, só há os traços clássicos do Maurício de Souza mesmo.

Mas, enfim, muito ânimo para a tua alma, caro leitor! Principalmente se teve ânimo para me ler.