sábado, 26 de abril de 2014

A transitividade verbal e as consequências de nossas ações

Xô, teias de aranha! Saiam do meu blog!
As nossas ações podem atingir alguém ou algo, mas também podem não atingir ninguém, nenhuma pessoa mesmo ou coisa. Tudo dependerá do tipo de ação que é praticada. Dormir, por exemplo, seria algo que necessariamente tem que atingir outra pessoa ou coisa para acontecer? Claro que não! (deixando  de lado eventuais roncos, talvez! hahaha) Mas, enfim, falando sério,  eu posso falar perfeitamente "eu dormi", e pronto! The end! Poderia até acrescentar as palavras "ontem", "à noite" ou "agora" à frase, é verdade, mas  a frase não tem necessidade de continuação para ser compreendida de fato. Além disso, tais palavras (ontem, à noite e agora), mesmo se fossem acrescentadas à frase, indicariam o tempo em que o descanso ocorreu, mas nada além disso.

Por outro lado, todavia, se nós fôssemos usar o verbo matar no mesmo exemplo, aí, sim, necessariamente, teríamos que atingir algo ou alguém, pois a ação de matar sempre vai precisar de um alvo, de um objeto. Ou seja, o verbo matar é bem diferente do verbo dormir! Por isso eu não posso falar só "eu matei" ou "eu matei ontem/ à noite/ agora". É óbvio que eu tenho que ir além disso que foi dito e informar às pessoas sobre o que ou quem eu matei! Só assim a ideia será expressa mesmo.

1) O quê?

"Eu matei um escorpião!" (num pesadelo :D)
2) Quem?

"Eu matei o Scorpion!" (no videogame ou num pesadelo também hahaha)
Como nós vimos nos exemplos acima, a ação de matar, para que aconteça de fato, necessita de algo ou alguém que sofra as consequências da ação. Por isso o verbo matar é diferente do verbo dormir, pois o matar não necessita só de alguém praticando a ação verbal, mas também necessita de alguém que receba essa ação praticada.

Matar é um verbo transitivo, porque tem que fazer um percurso, tem que transitar até que atinja algum objeto.  Mas toma cuidado com essa nomenclatura gramatical, hein! "Objeto", aqui, não é apenas aquilo que é inanimado e sem vida, não!  Na sintaxe, é chamado de objeto aquilo que recebe uma ação verbal, completando o sentido do verbo.  Por isso os objetos podem ser pessoas, animais, pessoas animalizadas, animais personificados, vegetais, minerais, extraterrestres, deuses ou qualquer outra coisa MESMO! No exemplo 1, o animal escorpião foi o objeto da ação verbal "matar" enquanto no exemplo 2  o personagem Scorpion foi o objeto . Ou seja, um animal e um personagem fictício, respectivamente. Mas, como eu já disse, tudo pode ser um objeto, basta sofrer uma ação necessária para complementar o significado de um verbo (complemento verbal).  Sendo assim, até mesmo  um substantivo abstrato como "charada" pode ser definido como um objeto: "Eu matei a charada".
dormir é uma ação que não transita, porque é finalizada em si mesma, não alcança nada nem ninguém, não ultrapassa o espaço ocupado pelo próprio praticante dela e, pelo fato de não transitar,  esse verbo é classificado como intransitivo. Ou seja, o verbo dormir, por si só, já é completo de significado e não precisa de um complemento verbal, não precisa de um objeto que seja atingido etc.